Taquaritinga e os Robôs: o começo de nossa história de Inovação
Por Marcus Rogério de Oliveira*
Em edições anteriores, falamos o quanto estávamos impressionados com a corrida tecnológica na área da inteligência artificial generativa entre os Estados Unidos e a China (ChatGPT e DeepSeek), e destacamos como esses dois países disputam de maneira acirrada esse espaço estratégico, com a Europa correndo atrás. Com maior foco em ética, transparência, privacidade de dados e no impacto social da IA, a Europa enfrenta questões regulatórias, estruturais e econômicas que moldam sua posição.
Já na última semana, ficamos novamente impressionados com o rápido desenvolvimento da tecnologia de robôs e androides com inteligência artificial. E hoje, inspirados pelo grande debate nas mídias em todo o mundo, retornamos falando da rivalidade entre as duas potências globais, mas dessa vez com foco específico em robôs e androides.
Antes de avançarmos, é importante esclarecer: você conhece a diferença entre robô e androide? Embora muitas vezes sejam usados como sinônimos, esses termos têm diferenças significativas. Robôs são máquinas automáticas, que realizam tarefas específicas com autonomia ou por controle remoto, como na indústria automobilística. Androides, por sua vez, são robôs humanoides com aparência e comportamento humanos bastante realistas, projetados principalmente para interagir diretamente com pessoas, imitando suas características físicas e comportamentais. Androides também podem ser chamados de robôs humanoides. Os androides são robôs, mas nem todo robô é um androide. Entender essa diferença é importante para acompanharmos essa nova etapa da disputa tecnológica internacional.
Recentemente, a empresa chinesa Agibot, fundada em 2023 e avaliada em cerca de US$1,38 bilhão, anunciou que pretende competir diretamente com o robô humanoide Optimus da Tesla. A meta ambiciosa é produzir 5 mil robôs já em 2025. Com uma nova fábrica em Xangai, a empresa quer atingir a incrível marca de 400 unidades produzidas por mês. Seu portfólio inclui o modelo Yuanzheng, um robô humanoide bípede voltado para uso comercial; o modelo Genie, um robô equipado com rodas e braços duplos; e o modelo Lingxi, um humanoide compacto para desenvolvedores e usuários finais.
Do outro lado da competição está o robô humanoide Optimus da Tesla, idealizado por Elon Musk. Elon tem uma proposta de otimizar os processos e a tecnologia de sua fábrica, com perspectiva de ampliar as vendas externas até 2026. Estima-se que o mercado global para robôs humanoides alcance a marca de US$ 38 bilhões até 2035, impulsionado justamente por esse tipo de concorrência que acelera inovações e pode redefinir a dinâmica do mercado de trabalho em nível global.
Nesta disputa pelo mercado de robôs e androides, a verdade é que pouco se tem falado sobre os consumidores. Bem, precisaremos falar sobre isso em breve para analisarmos quem irá comprar robôs e androides; qual o mercado? Mas, voltando à discussão da disputa estratégica na tecnologia de robôs e androides e trazendo para nossa realidade local, você já parou para refletir sobre como nossa cidade pode aproveitar essa corrida tecnológica? Embora não tenhamos grandes indústrias altamente tecnológicas para a produção de robôs, possuímos um recurso muito valioso: pessoas inteligentes e talentosas em nossa comunidade.
Nossa cidade deve se destacar na área do software, criando as “mentes” desses robôs e androides. Com o desenvolvimento de algoritmos especializados, aplicativos para controle e configuração, criação e personalização de modelos de IA generativa, modelos de visão computacional, modelos de deep learning para precisão de controladores e acionadores, sistemas inteligentes embarcados, nossos profissionais têm a oportunidade de participar nesse mercado bilionário. Nós sabemos que não é apenas a estrutura física do robô que conta, mas também a capacidade intelectual e criativa por trás de sua operação. Pode ter certeza que haverá uma loja online que irá explorar comercialmente esses softwares da mesma maneira como temos a Play Store da Google e a App Store da Apple.
Fica aqui mais um convite para refletirmos juntos sobre como nossa cidade pode participar ativamente dessa disputa tecnológica. Claro que não com ferro e aço, mas com talento, criatividade e inovação em software e inteligência artificial.
*Marcus Rogério de Oliveira é um renomado professor da Fatec de Taquaritinga, onde leciona desde 1995. Com um extenso currículo acadêmico, é Doutor em Biotecnologia pela UFSCar, Mestre em Ciência da Computação pelo ICMC-USP e Bacharel em Ciência da Computação pela Unoeste. Sua vasta experiência o tem levado a atuar em áreas como Banco de Dados, Desenvolvimento de Sistemas, Engenharia de Dados e Ciência de Dados.
(Imagem gerada por IA)




