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Crônica da semana por Nilton Morselli

Óleo x Airfrayer

Há cinco anos a fritadeira elétrica entrou na minha casa. A estreia foi com um clássico da cozinha dos que insistem em alongar a juventude, apesar dos apelos do nervo ciático. Cortei a batata em palitos, que foram envolvidos em sal e uma lambuzada de azeite. Ficou pronta em 15 minutos. Aprovei, mas a aprovação foi mais para justificar a compra do trambolho do que pelo resultado.
Comer uma batatinha frita sem óleo pela primeira vez é decepcionante. Você compara, mas ainda assim pensa no custo-benefício para a saúde. E depois perde um tempo tirando as partículas que ficam coladas no fundo do cesto, tomando cuidado para não estragar o teflon.
No dia seguinte – ou teria sido no mesmo? – foi a vez de um frango à passarinho, já temperado pelo pessoal do supermercado. Saiu parecendo aquele servido em quermesse: sequinho, crocante por fora e macio por dentro. Com um limãozinho… Comeria uma porção agora, e olha que ainda nem são 8 horas da manhã.
Sobrou meio litro de gordura no compartimento. Concluí que, em apenas uma frugal refeição noturna, ganhei um ano a mais de vida. Aquela substância amarela e viscosa certamente entupiria uma artéria coronariana. Levantei da mesa feliz por ter evitado um futuro cateterismo, e fui retirar as peles que ficaram coladas no cesto, tomando cuidado para não estragar o teflon.
Guardei a Airfryer, que ficou por um tempo esquecida. Depois, a reentrada triunfal, desta vez para não mais sair de cena. Passei a pesquisar receitas práticas para a fritadeira que funciona soltando vento quente sobre os alimentos. Descobri que ela também cozinha e assa. A partir daí foram bolos, pães, tortas, pudins, pães de queijo, salgadinhos e um sem-número de quitutes.
Faz anos que não compro mais óleo de soja, mesmo sabendo que um bolinho de arroz e uma coxinha imersos em gordura fumegante ficam mais gostosos. Mesmo assim, compensa usar o milagroso forninho de convecção, que nos isentou de limpar a meleca no fogão e das queimaduras eventuais. Por que uma tecnologia tão simples demorou tanto para chegar até nossas casas?
A revolução provocada por ela foi grande e completada com a chegada das formas de silicone ou de papel descartável, que vieram para facilitar a limpeza da máquina. Fiquei tão fã que é raro o dia em que não uso a sétima maravilha da cozinha para preparar uma guloseima, salgada ou doce. O bom é que nem faz muita diferença na conta de energia.
Incorporar uma novidade que seja acessível é o primeiro passo para, o quanto possível, ir facilitando a vida doméstica. Minha próxima aquisição não é necessariamente uma coisa nova: o robozinho que varre e aspira o pó do chão está no carrinho do site esperando o click final. Se não funcionar, o gatinho da casa deverá gostar do brinquedo.

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