DESTAQUEMais recentesTecnologia

Tecnologia e o Desafio para Taquaritinga

Por Marcus Rogério de Oliveira*

Continuando nossa série sobre tecnologia, hoje mudaremos um pouco o foco. Ao invés de falarmos de forma generalista, vamos falar de forma mais técnica. A cada semana conversamos sobre a IA e a robótica, os lançamentos e impactos. Hoje falaremos da stack tecnológica. Abordaremos qual modelo e qual aplicação nos trará maior vantagem competitiva. A discussão precisa ser mais granular.

Nesta semana, destacamos dois avanços específicos que merecem nossa atenção. O primeiro é a ascensão dos Modelos de Linguagem Pequenos (SLMs – Small Language Models) otimizados para operar em Edge Computing. Diferente dos gigantescos LLMs que rodam em data centers na nuvem, vimos o lançamento de arquiteturas como o Phi-3 da Microsoft e modelos customizados baseados em Llama 3, projetados para executar tarefas específicas diretamente no hardware local. Tecnicamente, isso significa processamento de dados em tempo real, com latência quase nula e sem a necessidade de uma conexão constante à internet. A implicação é grande: IA que reside dentro da própria máquina, seja um trator, um torno CNC, em um celular ou um dispositivo de diagnóstico.

O segundo avanço significativo que você precisa saber está na robótica de manipulação fina, impulsionada por reinforcement learning (aprendizado por reforço) e fusão de sensores. Empresas como a Covariant e a Telexistence demonstraram, em eventos recentes, robôs capazes de lidar com objetos irregulares e delicados — como frutas ou componentes eletrônicos — com uma destreza impressionante. Isso é possível através da combinação de visão 3D, sensores de força e torque e algoritmos de aprendizado que permitem ao robô “sentir” o objeto e ajustar sua força dinamicamente, uma tarefa que até recentemente era própria para a mão humana.

Agora, a reflexão que sempre fazemos: como Taquaritinga pode aproveitar essas oportunidades tecnológicas? Implementar SLMs on-the-edge para detecção de anomalias em tempo real na indústria, diretamente na linha de produção, sem depender de um servidor central. O custo de implementação desses modelos está caindo drasticamente e estamos preparados para projetar e integrar essas soluções aqui em nossa cidade.

No agronegócio, principalmente da citricultura, a tecnologia de manipulação robótica fina pode ser utilizada para a automação da colheita seletiva e do empacotamento. Já temos grupos de trabalho prototipando modelos de IA adaptadas para a laranja, para detecção de pragas e fenotipagem. Não temos barreiras técnicas que nos impeçam de liderar essa aplicação específica. A questão está apenas relacionada a criação da infraestrutura e ambiente propício para desenvolvimento e comercialização.

A nossa conversa mudou e você percebeu. O desafio não é mais entender que a IA vem, mas sim dominar suas ferramentas, criar tecnologias e aplicá-las de forma estratégica. A oportunidade para Taquaritinga não está em ser uma usuária de tecnologia, mas em se tornar uma criadora e inovadora em nichos específicos. Estamos prontos para fazer o trabalho técnico que isso exige.

 

*Marcus Rogério de Oliveira é um renomado professor da Fatec de Taquaritinga, onde leciona desde 1995. Com um extenso currículo acadêmico, é Doutor em Biotecnologia pela UFSCar, Mestre em Ciência da Computação pelo ICMC-USP e Bacharel em Ciência da Computação pela Unoeste. Sua vasta experiência o tem levado a atuar em áreas como Banco de Dados, Desenvolvimento de Sistemas, Engenharia de Dados e Ciência de Dados.

(Imagem gerada por IA)

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *