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GUERRA DA UCRÂNIA: PERTO DO FIM?

Fonte: Revista Veja

Em 27 de fevereiro de 2022, o diretor desta Tribuna, meu colega advogado, Dr. Eduardo Moutinho, me solicitou um artigo sobre o conflito russo-ucraniano.

PARA RELEMBRAR
Em síntese, falamos sobre a origem comum dos povos da Rússia, Ucrânia e Bielorrússia, o “Povo Rus”, um Estado eslavo na Idade Média, que se juntaram, novamente, na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), em 1922.

Depois, refletimos sobre a Crimeia, região que pertencia à República Soviética Russa e transferida à República Soviética da Ucrânia, nos anos 1950, por Nikita Khrushchev.

Em 2014, Vladimir Putin determinou a invasão da Crimeia, gerando forte reação do Ocidente: as sanções econômicas.

REGIÃO DE DONBASS
Fronteira Rússia/Ucrânia, formada pelas províncias ucranianas de Donestk e Lugansk, cuja população é de russos, que criaram grupos separatistas, apoiados por Moscou, e declararam independência, desencadeando uma guerra civil (2014).

Em 2022, Putin inicia a invasão da Ucrânia, que denominou de “Operação Militar Especial”.

INTERESSE POLÍTICO DOS EUA
No mesmo ano, houve a intervenção do governo Joe Biden, que estava perdendo popularidade e aderiu ao confronto para reconquistar o eleitorado.

INTERESSE ECONÔMICO DA EUROPA
A Rússia era o principal fornecedor de gás, sobretudo à Alemanha, através do gasoduto Nord Stream, que foi destruído por forças americanas.

GUERRA DE NARRATIVA
A princípio, EUA e União Europeia não ingressaram nas batalhas, focaram nas sanções econômicas e na disseminação de “notícias” de que a Rússia era alvo de “condenação mundial” – na verdade, tal postura era restrita aos aliados, como Canadá, Japão, Coreia do Sul, Austrália; enquanto China, Coreia do Norte e Irã apoiaram os russos; Índia, Paquistão e Israel não tomaram posição.

ENGAJAMENTO DA OTAN
Em 2024, a Ucrânia recebe apoio direto da OTAN: Dinamarca e Holanda cederam aviões de caça F-16 (fabricação americana); Bélgica, Canadá, Polônia, Portugal e Suécia treinaram os pilotos; EUA e Reino Unido municiaram Kiev com mísseis de médio alcance.

As forças russas, que usavam 20% de seu poderio contra o exército ucraniano, se reorganizaram para combater a OTAN.

VITÓRIAS RUSSAS
As sanções econômicas não surtiram efeito; a Rússia passou a vender gás e petróleo à China e Índia, intensificou comércio com os BRICS – e sua economia segue robusta; no campo de batalha, praticamente devastou o exército ucraniano e anulou as investidas da OTAN.

2025 – TRUMP VIRA O JOGO
O recém-eleito presidente deu uma guinada na política sobre a guerra.

Trump escanteou os europeus e Kiev e abriu conversações bilaterais com Putin; reconheceu que o apoio de EUA/Europa à inserção da Ucrânia na OTAN foi a causa da guerra e disse que os EUA não vão arcar sozinhos com os custos da OTAN.

Em 14 de fevereiro passado, o vice-presidente, JD Vance, participou de uma Conferência de Segurança na Alemanha, onde “humilhou” os líderes europeus com um discurso agressivo, no qual acusou a Europa de “reprimir a liberdade de expressão”.

Dias depois, Trump recebeu Volodymyr Zelensky em Washington para firmar um tratado de exploração de minerais raros na Ucrânia, como “ressarcimento” dos U$ 300 bi que os EUA investiram na guerra.

A reunião descambou, Trump, irritado, disse a Zelensky que ele “não tem cartas para negociação”; o presidente ucraniano foi publicamente destratado por Trump e Vance, que o acusaram de “ingrato e desrespeitoso” – o acordo não foi assinado e a ajuda militar à Ucrânia foi suspensa.

Ursula von der Leyen – Foto: YVES HERMAN/REUTERS

EUROPA QUER MANTER A GUERRA
No início de março, líderes europeus se reuniram, em Londres, para discutir a situação, com a participação de Zelensky.

Contrariados com as conversações entre Trump e Putin, que levariam ao fim da guerra sob condições favoráveis à Rússia, os europeus alinharam que é preciso se “rearmarem com urgência”.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que a “Europa precisa mostrar aos EUA que tem como se defender” e anunciou investimento de € 800 bilhões na aquisição de armamentos.

O premiê britânico, Keir Starmer, se disse pronto para enviar “tropas e apoio aéreo para reforçar a defesa da Ucrânia”; o presidente da França, Emmanuel Macron, foi além e afirmou que “oferecerá o arsenal nuclear francês para proteger a região das ameaças russas”.

Premiê britânico Keir Starmer e o presidente francês Emmanuel Macron – Foto: ARA

CONCLUSÃO
Sem o auxílio americano, a Europa sucumbiria à Rússia num conflito direto, convencional ou nuclear.

Trump mostra sua perspicácia de “homem de negócios”: deixaria de gastar dinheiro na Ucrânia para faturar bilhões com a venda de armas à União Europeia.

O último ato, dia 4 de março (após o bate-boca e suspensão da ajuda americana), Zelensky disse “estar pronto para trabalhar sob a forte liderança do presidente Trump para obter uma paz duradoura”.

A submissão de Zelensky a Trump frustrou o belicismo europeu – aparentemente, a guerra está perto do fim, sob as ordens de Washington e Moscou.

  • Luís Jose Bassoli é advogado, graduado pela Universidade Mackenzie, professor de Geopolítica do Colégio Objetivo, ex-professor de Comércio Internacional na Fatec, formado pela Escola de Governo de SP, cursou pós-graduação em Globalização e Cultura na Escola de Sociologia e Política de SP, pós-graduado em Didática do Ensino Superior pela Unip e colaborador do Jornal Tribuna).

(Com: UOL; Neutrality Studies; Portal Terra; BBCBrasil; Washington Post; Reuters; G1; Pepe Escobar; Wikipédia e agências).

Foto: Brendan Smialowski/AFP via Getty Images

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