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Crônica da semana por Nilton Morselli

Reencarnação

Quem nunca ouviu dizer que todos merecem uma segunda chance? Isso vale para quase tudo, desde o aluno que foi para a recuperação na escola ao adolescente flagrado assaltando à mão armada. Se isso é aplicável para as intercorrências da vida, por que não seria para a própria vida? É por isso que eu sou um reencarnacionista de carteirinha. A nossa volta ao planeta tantas vezes quantas forem necessárias comprova a bondade e a justiça de Deus para conosco. Vamos às situações possíveis, que de hipotéticas não têm nada, pois todas foram retiradas da realidade.

1) Nasce uma criança. Contrariando as expectativas da família, ela vem cheia de problemas: nunca falará nem andará, e assim sobreviverá por 50 anos. 2) Na casa vizinha, nasce outra criança, esta cheia de saúde. Ela cresce inteligente, faz faculdade, casa-se e segue seu curso.

3) Nasce uma criança. Ela tem sérios comprometimentos mentais e, embora receba todos os cuidados dos pais, desencarna meses depois. 4) Nasce uma criança “perfeita”, como se costuma dizer. Ela cresce, envolve-se com drogas e acaba cometendo diversos crimes.

5) Nasce uma criança numa família palpérrima. Enfrentará todos os tipos de privação, inclusive alimentar. 6) Nasce uma criança numa família rica, gozando de todos os privilégios possíveis, de colégios caros a roupas de grife.

Em todos esses exemplos, onde está a justiça de Deus? Se Ele é misericordioso e justo, porque a uns castiga e a outros privilegia? Por que o Criador dá tanto a uns e nega tudo a outros? Por qual pecado estaria pagando a criança que não anda e não fala e aquela anencéfala que morreu sem a oportunidade de acertar e errar, ou seja, de viver plenamente?

Isso só se explica com a existência de vidas anteriores. Ou seja, se não admitimos que exista vida pregressa, estamos involuntária e necessariamente negando a justiça de Deus. Somente nossos erros pretéritos podem dar causa aos desafios que enfrentamos na atualidade. Esse sistema conforta os nossos corações, dando-nos a convicção de que todos têm a chance de voltar e viver uma vida melhor. As condições que enfrentamos são escolhas nossas para redimirmos um passado nada glorioso.

Deus, em sua infinita bondade e justiça, é infalível. E se temos essa certeza de que Deus não falha, por que permitiria que uma de suas criaturas perdesse sua alma eternamente ou viesse condenada a uma existência de sofrimentos? De maneira alguma! Ele nos dá não só uma segunda, mas tantas oportunidades quantas forem necessárias para evoluir. O fogo eterno é invenção de quem não crê em Deus ou O idealiza como ser castigador, o que definitivamente Ele não é. Ele é “a inteligência suprema do universo, causa primeira de todas as coisas”.

Do ponto de vista da vida única, que mérito teria o homem que possui todas as chances de uma vida em corpo e mente saudáveis diante daquele nasceu sem condições intelectuais? Nenhum, pois seria apenas a vida biológica seguindo seu curso. O sistema reencarnacionista, portanto, expõe com bastante clareza a misericórdia divina. A vida única, por sua vez, aponta para o caminho contrário.

Uma vida, que dura um século quando muito, é um sopro. Muitos de nós precisaríamos do dobro desse tempo para alcançarmos a redenção, isso sem cometer mais nenhum erro. E o que dizer do que não teve senão uma infância doentia ou interrompida acidentalmente, sem a oportunidade de curtir o lado bom e os desafios da vida adulta?

É por isso que, a cada dia, temos de encarar as nossas imperfeições como provas do espírito, muitas delas trazidas de existências anteriores. Combater as más tendências, nossas e das pessoas a quem Deus nos confiou a educação, é dever inalienável. A reforma íntima, que os verdadeiros cristãos tentam pôr em prática, encurta o caminho evolutivo e poupa anos e anos de angústias e provações. Porque só o bem é capaz de combater e compensar o mal praticado.

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