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Cérebros Robóticos

Por Marcus Rogério de Oliveira*

Continuando nossa série sobre Inteligência Artificial e tecnologias disruptivas que transformam não apenas o mundo, mas também nossa comunidade, hoje, iremos falar sobre robôs que raciocinam, planejam e tomam decisões com base em modelos de IA.

Nos últimos meses, as pesquisas e desenvolvimento em robótica deram passos importantes. O Google DeepMind apresentou o Gemini Robotics 1.5, um modelo projetado para ser o cérebro de raciocínio de alto nível dos robôs. Capaz de planejar tarefas complexas em várias etapas, compreender o espaço ao seu redor e até recusar ações perigosas, o Gemini é um marco na evolução da inteligência embarcada. Integrando busca na web, análise de vídeo e raciocínio espacial, esse modelo lança uma nova geração de robôs mais autônomos, adaptáveis e seguros. É como se a inteligência dos grandes modelos de linguagem ganhasse corpo, voz e movimento.

Na mesma direção, empresas como a Fourier Robotics e a BIGAI estão trabalhando com o conceito de fábricas inteligentes. A Fourier Robotics apresentou o sistema FOCUS, que permite que múltiplos robôs colaborem entre si em tarefas industriais com uma taxa de sucesso de 99% em processos como manuseio e classificação de materiais. Já a BIGAI criou um robô autônomo com planejamento semântico – capaz de compreender o significado das tarefas que executa – e integração com sistemas de produção industrial.

Podemos perceber que esses avanços não nascem isolados. Conferências como o IROS 2025, no Japão, e o AI and Robotics 2025, em Amsterdam, têm mostrado como a IA generativa está transformando a robótica, permitindo que máquinas aprendam novas habilidades apenas observando vídeos, lendo instruções ou simulando ambientes virtuais. Em outras palavras, os robôs estão aprendendo a aprender — e esse é um ponto importante da história recente da tecnologia.

Mas o que tudo isso tem a ver conosco, aqui em Taquaritinga? Muito mais do que parece à primeira vista. Embora não tenhamos fábricas de robôs, temos algo tão importante quanto: capital humano e criatividade. O software é fundamental para a robótica. Portanto, nas ideias e nos algoritmos é justamente onde podemos nos destacar. Plataformas abertas, como o Robot Operating System (ROS), funcionam como uma espécie de “loja de aplicativos para robôs”, onde desenvolvedores do mundo todo criam módulos de IA para diferentes tipos de hardware. E qualquer pessoa de nossa comunidade pode trabalhar com essa tecnologia com apenas um computador, acesso à internet e vontade de aprender.

Imagine um programador daqui criando um aplicativo capaz de otimizar o desempenho de robôs agrícolas nas plantações de cana-de-açúcar, ou um módulo de visão computacional que ajude robôs a monitorarem plantas industriais. São projetos possíveis, acessíveis e, sobretudo, transformadores.

É claro que também temos os desafios. Questões éticas, de segurança e de governança precisam acompanhar o ritmo das descobertas. Um robô inteligente precisa saber quando agir – mas também quando não agir. Essa consciência artificial, tão discutida em conferências recentes, também é uma oportunidade. Essa é uma importante área de atuação: cuidar que a tecnologia sempre sirva à humanidade, e não o contrário.

E talvez esse seja o maior aprendizado para todos nós. Em um tempo em que máquinas começam a pensar, é fundamental que nós também pensemos: qual papel queremos desempenhar nesse novo mundo? Vamos apenas observar as transformações ou seremos protagonistas delas?

Taquaritinga tem tudo para se destacar como um polo de desenvolvimento de software, inovação e pesquisa aplicada à robótica e à inteligência artificial. Nossos talentos podem ser os criadores de software das próximas gerações de robôs que trabalharão em fábricas, fazendas e cidades em todo o país.

Não é um sonho distante, é uma oportunidade que já está diante de nós.

E essa oportunidade nos inspira, mais uma vez, a acreditar no poder da educação, da tecnologia e da imaginação. Os robôs podem estar aprendendo a pensar, mas o que realmente moverá o mundo continuará sendo a inteligência humana que os ensina.

 

*Marcus Rogério de Oliveira é um renomado professor da Fatec de Taquaritinga, onde leciona desde 1995. Com um extenso currículo acadêmico, é Doutor em Biotecnologia pela UFSCar, Mestre em Ciência da Computação pelo ICMC-USP e Bacharel em Ciência da Computação pela Unoeste. Sua vasta experiência o tem levado a atuar em áreas como Banco de Dados, Desenvolvimento de Sistemas, Engenharia de Dados e Ciência de Dados.

(Imagem gerada por IA)

 

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