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Taquaritinga (SP): Comunidade Terapêutica ‘Jesus em Damasco’ é referência regional na recuperação de mulheres dependentes químicas

Neste ano, a Comunidade Terapêutica ‘Jesus em Damasco’ irá completar 12 anos de prestação de serviço à sociedade taquaritinguense e de toda a região, sempre engajada na recuperação de mulheres dependentes químicas para que elas possam retornar aos lares e restituírem suas famílias longe das drogas.

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Inaugurada em 12 de Outubro de 2008, dia de Nossa Senhora Aparecida, a intenção de acolher as pessoas vulneráveis surgiu despretensiosamente do Grupo de Oração da Renovação Carismática no inicio de 1999 que, na época, envolvia 23 jovens. O aluguel de um imóvel antigo na Rua Líbero Badaró, no centro na cidade, marcou o início dos trabalhos dos adolescentes. “Começamos a nos reunir nessa residência para fazer e servir sopa à comunidade carente do município; conseguíamos os alimentos de alguns varejões e, todas às quartas-feiras, preparávamos as refeições. O aluguel da casa também era por nossa conta; dividíamos todos os gastos entre o grupo e, assim, mantínhamos um espaço bem equipado para desenvolver as ações que programávamos”, disse Marilda Azadinho em entrevista ao Jornal Tribuna.

Com o tempo, os integrantes notaram que o prato de comida estava se tornando apenas um detalhe para as pessoas que o recebiam; não menos importantes que a refeição, a escuta e atenção doada para a comunidade também foi se tornando significativa.

Sempre atuante, o grupo chegou a locar outro imóvel no bairro Inocoop para ampliar os serviços voluntários. “Recebemos a visita de pessoas de outras cidades que vinham conhecer nosso trabalho, e, algumas delas, passaram a  identificarem com a missão. Assim sendo, decidimos que poderiam residir na casa do Inocoop a fim de nos ajudar” . 

Houve um período em que o grupo reunia, aproximadamente, 80 pessoas, entre jovens e adultos comprometidos com os trabalhos. A atuação também contou com um programa na Rádio Clube Imperial,que se chamava “Tarde com Jesus”, incentivado pelo Padre João Francisco; (pároco da Paroquia de São Sebastião, a qual o grupo pertencia), além de um informativo mensal intitulado “Fogo Suave”, que divulgava todos os eventos e acontecimentos para a Igreja.

Em Janeiro de 2004, após requererem o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica – CNPJ, como associação de fiéis leigos da Igreja Católica, o grupo recebeu uma concessão de uso de um imóvel com área aproximada de 6 mil m²  para a construção de uma estrutura que pudesse sediar as ações feitas; a proposta partiu do prefeito Milton Nadir e foi aprovada pela Câmara dos Vereadores.

Sem um objetivo definido do que o local iria abrigar, os membros da Associação Jesus Fonte de Água Viva decidiram investir em uma casa voltada, exclusivamente, para atender o público feminino com dependência química. “Essa empatia por ajudar mulheres nesta situação nasceu de um trabalho entre mim e uma outra jovem chamada Paula Costa. Nós buscávamos levar uma mensagem evangélica à algumas mulheres que todas as noites se encontravam numa das avenidas da cidade. Lá cantávamos e transmitíamos a mensagem da Palavra de Deus . Com o tempo, percebemos que não era preciso procurá-las para oferecer ajuda, pois muitas delas vinham até o Grupo de Oração que se realizava todos os domingos no Santuário de Nossa Aparecida. Foi a partir dai que tivemos a ideia de construir uma casa para acolhê-las. Lembro-me que, com mão-de-obra totalmente voluntária e a doação dos materiais para a construção, fizemos a casa mais antiga da comunidade Terapêutica Feminina Jesus em Damasco”, lembra.

Credibilizado pela população taquaritinguense, o trabalho da Associação Jesus Fonte de Água Viva se expandiu e, o que era uma atividade paralela na vida dos voluntários acabou exigindo mais dedicação. A entidade foi oficialmente regularizada e em 2013 quando firmou convênios com o Projeto Recomeço (Governo Estadual) e a Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (Governo Federal), disponibilizando vagas para mulheres que entram no cadastro à espera de atendimento. Em 2015, conforme exigência dos órgãos públicos, a Casa de Recuperação Feminina “Jesus em Damasco”, passou a contar com uma equipe mínima de 13 profissionais para atender as mulheres acolhidas e precisou passar por uma reforma para adequar a estrutura conforme pedido.

Quando abrigadas, as mulheres passam por um período de desintoxicação e também são capacitadas com cursos de artesanato, pintura, culinária, entre outros; a escolha é feita através da habilidade de cada uma. O tempo de recuperação tem, no máximo, 6 meses e a moradia provisória é totalmente voluntária, sendo que a paciente pode deixar a Casa a qualquer momento caso desista do tratamento. De acordo com Marilda, a maioria das “acolhidas”, além do tabaco e do álcool, muitas vezes, têm o uso da cocaína e do crack.

Durante a estadia, as mulheres passam por atendimento psicológico e são encorajadas a mudarem de vida, abandonando os velhos e maus hábitos que as impedem de viverem dignamente na sociedade e recuperando o vínculo familiar que, muitas vezes, está rompido.

Há três tipos de alta: por desistência, alta administrativa (quando alguma regra foi infringida) e alta médica. Depois da passagem pela Casa, a administração ainda faz um acompanhamento à distância com as mesmas por mais doze meses. Estima-se que mais de mil mulheres já foram atendidas pela Casa desde a construção do imóvel.

Hoje, a Comunidade conta com área de tratamento, escritório administrativo, refeitório, academia, auditório e capela; tendo a capacidade para atender 28 mulheres com faixa etária entre 18 a 59 anos. Todas as acolhidas são encaminhadas através da rede pública de Saúde.

A administração da unidade ainda é feita por alguns membros daquele grupo católico desde quando tudo começou, porém, o enquadramento na legislação das instituições fez com que novos membros fossem associados, como é o caso dos membros da Diretoria, Conselho Fiscal e benfeitores da obra que são eleitos a cada três anos conforme o estatuto vigente.

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