Lei Aldir Blanc leva Projeto Cultural a mulheres em recuperação em Taquaritinga
Projeto de bordado transforma rotina na Comunidade Jesus em Damasco
 
Por: Marcos Marona jornalista colaborador
A Comunidade Terapêutica Feminina Jesus em Damasco, localizada em Taquaritinga, vive um momento especial graças a um projeto cultural que une arte e recuperação. Com recursos da Lei Aldir Blanc, o projeto de bordado autoral tem mudado o espírito e o astral das mulheres acolhidas na instituição, que trata de dependência química.
Idealizado por Eliana Velocci e Fúlvia Marchezi, com o apoio das amigas Mariângela Zacharias e Regina Comparini, o projeto “Nós Mulheres Arteiras” ensina as internas a criarem seus próprios autorretratos bordados. Cada peça, feita com dedicação e superação, é costurada, posteriormente, em uma colcha que passa a fazer parte do espaço íntimo de cada participante. Muito mais do que uma atividade manual, o bordado tem se mostrado ferramenta terapêutica, de autoconhecimento e fortalecimento da autoestima.
“Elas chegam aqui achando que não têm capacidade de aprender e, no começo, não querem fazer aula. Mas depois que começam, se encantam. Muitas ligam para os pais contando tudo”, relata Eliana Velocci, emocionada com os resultados.
Antes de iniciarem os trabalhos com agulhas e linhas, as internas passaram por um processo de alfabetização visual, aprendendo noções básicas de desenho, ponto, linha e formas bi e tridimensionais. O projeto foi pensado para ter duração de três meses e, segundo Fúlvia Marchezi, “precisamos correr para que todas concluam seus trabalhos no prazo”.
O impacto do projeto é visível nos depoimentos das acolhidas:
Bruna: “Eu tinha muita dificuldade de ter paciência. Tenho transtorno bipolar e esse trabalho me ajudou muito a trabalhar isso. Elas tiveram a paciência de me ensinar. Foi algo que eu tive gosto de aprender.”
Juliana: “Faz 20 dias que estou na clínica e nunca imaginei que tivesse capacidade de aprender algo assim. Eu sou muito grata. Nunca tinha bordado e é muito bom para testar a paciência.”
Rafaela: “Desde o começo, estou contente. Eu gosto muito.”
Rute: “Eu gostei muito, pois tira o estresse da gente. É interessante.”
Fundada em 12 de outubro de 2008 e comandada por Marilda Azadinho, a Comunidade Jesus em Damasco é mantida pela Associação Jesus Fonte de Água Viva e atua no apoio à recuperação de mulheres com dependência de álcool e outras drogas. O trabalho desenvolvido segue o modelo das Comunidades Terapêuticas, oferecendo suporte físico, psíquico e espiritual.
O sucesso do projeto demonstra como a arte pode ser aliada poderosa na reinserção social e no resgate da dignidade das mulheres em tratamento. E há boas notícias: um novo edital da Lei Aldir Blanc deve ser aberto em breve, trazendo a possibilidade de novos projetos culturais para a comunidade.

							
							


