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Crônica da semana por Nilton Morselli

Taquaritinga é MIT. E agora?

A conquista do selo de MIT por Taquaritinga foi comemorada pela classe política. Aos que não estão familiarizados com a sigla, vai lá: MIT é Município de Interesse Turístico. Ou seja, são aqueles que estão no caminho de se tornarem destinos de turismo. Para celebrar o feito, até foi instalado um outdoor, em que aparecem um deputado estadual e um federal, padrinhos da ideia.

Acompanhei o processo desde o começo. Foi lá no primeiro governo do prefeito Fúlvio Zuppani (2013-2016). A cidade se candidatou, enviou documentação e, quando se esperava que a Assembleia Legislativa aprovaria o projeto, eis que o governo de São Paulo deixava Taquaritinga de fora.

A espera acabou no dia 27 de agosto deste ano, quando os deputados estaduais aprovaram mais um lote de 70 municípios interessados em promover o turismo. Com isso, das 645 cidades paulistas, agora 214 são MITs, além de 70 estâncias turísticas já reconhecidas – Ibitinga, Olímpia, Brotas e Ibirá, as mais próximas de Taquaritinga, são alguns exemplos.

Não demorou muito e muitas brincadeiras surgiram em torno do assunto. Como assim, Taquaritinga turística? De fato, se você analisar agora, do ponto de vista de atratividade, não há muito o que se fazer por aqui. Ninguém sairia de Taubaté, por exemplo, para passar um fim de semana em Taquaritinga.

A não ser que a pessoa venha para se tratar no Hospital de Olhos e se hospede em um dos três hotéis. Ou more na região e venha encaminhado para o AME e, antes ou depois da consulta, almoce em um de nossos restaurantes. Sim, o turismo de saúde é um tipo de turismo, que aliás talvez seja o de maior potencial de Taquaritinga hoje.

Temos o Clube Náutico. Porém, embora seja um lugar bonito e aprazível, é aberto somente para sócios. O turismo de aventura, na Serra do Jabuticabal, por ora, tem pouco poder de atração. Para convencer um mochileiro a percorrer suas trilhas ou fazer rapel por lá, muitos investimentos teriam de ser feitos pelo poder público.

Taquaritinga seria hoje a capital da goiaba – até existe uma lei municipal autodeclaratória. Mas nem disso conseguimos tirar uma onda. Se tivéssemos um evento centrado nas potencialidades do fruto, nos moldes da Festa do Quitute de Jaboticabal, talvez recebêssemos visitantes da região. Fica aí uma sugestão.

Seja como for, se quisermos colher resultados do MIT, Taquaritinga terá de providenciar melhorias em suas estruturas básicas de acolhimento e, sobretudo, criar atrações. O Carnaval daqui é bom, ok. Mas é uma festa curta. Nem a Bahia vive só de batuque, samba e axé.

Caso realmente o desejo seja gerar um novo setor econômico, que gere renda e empregue pessoas, as chamadas forças vivas deverão se unir, traçar planos e dividir tarefas. A concorrência será grande: são 214 MITs espalhados por todas as regiões do Estado. Caso contrário, o MIT será apenas mais uma lei que não vai pegar.

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