Crônica da semana por Nilton Morselli
Agora vai
É uma coisa bem brasileira essa mania de criar marcos no calendário. Aqueles pontos específicos após os quais, sem mais nem menos, tudo parece ter permissão para acontecer. O ano, claro, é um deles. Por aqui, parece que só depois do Carnaval podemos realmente dizer que o novo ciclo começou. É tipo um Ano-Novo Chinês. Até lá, tudo é um pré-ano, uma preparação, como se o espírito de uma festa popular fosse o ponto de virada para alguma realização pessoal ou profissional. O Brasil, com toda a sua cultura de feriados e celebrações, se ajusta a essa ideia: o ano começa depois do Carnaval.
Mas é claro que você já parou para pensar que, para o governo, o ano civil começa mesmo em 1.º janeiro? Sem qualquer dúvida, é quando os cofres públicos começam a se encher com o resultado do suor do nosso rosto. E, mesmo que tentemos, não conseguimos escapar de pagar os impostos necessários para a manutenção da máquina pública. Dizem que os nossos rendimentos dos quatro primeiros meses do ano são só para pagar tributos – isso quando não parcelamos o Imposto de Renda e o IPTU até dezembro.
Para a nossa alegria, 2025, ao menos, nos reservou umas folgas interessantes, ótimas para os turistas ocasionais: um punhado de feriados prolongados. Não se pode reclamar desses presentes no meio do caminho, para dar aquele respiro entre os compromissos diários e a rotina implacável. Essas pausas são melhores que uma Jardineira fora de época ou um Batatão temporão, que soam como um Réveillon em setembro.
Tem muita gente que não concorda com a tese, dizendo que já está cansado de trabalhar, que já fez um monte de coisas em janeiro e fevereiro. Eu, por exemplo, achei bem profícuo o período entre o Réveillon e o Carnaval: trabalhei inclusive no primeiro dia do ano e, no quarto dia de janeiro, comecei a namorar a Paula Maria, uma pessoa encantadora, a mulher com quem desejo passar o resto da minha vida. Agora, meu caro, o que vier é lucro.
Mas se você também estava esperando o Carnaval passar para finalmente tomar as rédeas de 2025, maravilha, a hora chegou. O ano começa agora, com todos os feriadões à vista e a certeza de que, depois de tantas promessas de “recomeços”, esse é o momento em que podemos arregaçar as mangas. Mas vai ser rápido, esse restinho de ano, porque o Rei Momo demorou um pouco para chegar. Então, feliz 2025 – e que esse seja o ano em que, finalmente, as coisas se encaixem.
(Imagem gerada por IA)

							



