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Crônica da semana por Nilton Morselli

Precisamos de utopias

Alguém já imaginou a visibilidade que uma escultura de Edmilson daria para a cidade? Até o viajante que nunca bateu uma bolinha pararia para ser fotografado ao lado do pentacampeão naquela acrobacia que só os craques conseguem fazer.
Colaboro com os dizeres da placa para a descrição do “gol de placa”: Rivaldo começa a jogada, toca para Edmilson, o volante passa para o lateral Júnior e corre para a área. Após o cruzamento, nosso ídolo dá uma inesperada puxeta, ou meia bicicleta, e marca o terceiro do Brasil e o mais bonito gol da Copa de 2002, naquela acachapante lavada de 5 a 2 sobre a Costa Rica.
Se a estátua um dia for feita, será a primeira vez que uma “pintura” – para usar uma gíria do futebol – se eternizará numa escultura.
Taquaritinga é uma cidade muito malcuidada e malfalada, principalmente por seus moradores. Precisamos mudar isso com urgência se quisermos prosperar.
Fazer as pessoas gostarem de onde moram é um ótimo começo. Gentilezas urbanas são essenciais. Beleza é fundamental, ensinou Vinícius de Moraes.
Aqui dou as minhas sugestões, como essa aí, aproveitando o início de uma nova administração.
Começaria reativando os pedalinhos da represa Águas Espraiadas para a diversão das crianças, dos casais de namorados e de quem mais quisesse passar alguns momentos de relax.
Deixaria a fonte luminosa ligada todas as noites, com cores vibrantes e um pouco de música boa.
Cuidaria de todo o traçado do trecho urbano do Ribeirãozinho. Pintaria as muretas de amarelo ou azul.
Transformaria o horto florestal, agora chamado de jardim botânico, em viveiro de mudas para reflorestamento de áreas degradadas e plantio em todas as calçadas.
Ofereceria essas mudas para todas as famílias, ressaltando que folhas de árvore não são sujeiras.
Promoveria uma festa junina com duração de um mês na Praça do Santuário. Colocaria música ao vivo todos os sábados no palco da praça.
Mandaria construir uma árvore de Natal com 100 metros de altura e acenderia suas luzes com 50 mil lâmpadas no dia 1º de dezembro, numa grande parada natalina.
Construiria ciclovias por toda a cidade e instalaria academias de ginástica nas praças. Todo bom político já deve ter percebido que as pessoas gostam de ser saudáveis.
Promoveria uma feira para mostrar todas as potencialidades de negócios da cidade.
Faria um calçadão em dois quarteirões da Prudente de Morais, entre a Marechal e a Praça do Santuário, e mandaria instalar nele bancos e luminárias, além da citada estátua do Edmilson em tamanho natural marcando aquele golaço.
Colocaria um busto do escritor José Paulo Paes, espalhando aos quatro ventos que ele nasceu aqui. (Em frente às lojas Americanas, colocaria uma plaquinha indicando o exato local de nascimento do poeta.)
Colocaria placas enormes nas entradas da cidade dizendo que aqui é o berço da fruticultura paulista, terra da goiaba e a capital nacional dos móveis escolares.
Todos os meses, promoveria pelo menos uma peça de teatro no Cine São Pedro. Todas as escolas do município teriam seus grupos teatrais e de dança.
Criaria o maior museu de artes plásticas do interior paulista.
Reativaria as retretas do coreto, local que seria reformado e batizado como Coreto Maestro Marin.
A feira do livro voltaria a ser realizada, com bastante destaque. A tradicional exposição de artes plásticas voltaria a ser promovida no mês da festa da cidade.
O bolo de metro voltaria a ser cortado no dia 16 de agosto, para a alegria da garotada e das TVs regionais.
Reformaria aquele prédio abandonado num canto da praça da Santa Casa e instalaria lá um centro de cursos culturais e profissionais, com programação permanente.
Aliás, mandaria reconstruir a estátua do pracinha da Segunda Guerra para instalá-la no mesmo lugar.
Reativaria as escolinhas esportivas, projeto que foi negligenciado, ninguém sabe por que razão.
Deixaria abertos os portões do recinto da Festa do Peão, com shows e barracas de comida, durante uma semana antes de o rodeio começar.
Convidaria a colônia japonesa a realizar o Festival Tanabata, com tradições e pratos típicos, na Praça do Santuário.
Tudo isso paralelamente à recomposição econômica do município, com mais empregos e salários para a nossa gente.
Taquaritinga perdeu a essência – e muito de sua alegria – quando deixaram morrer algumas de suas utopias.

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