Corrida da IA: China provocou e EUA responderam
Por Marcus Rogério de Oliveira*
Na semana passada, em nossa série de artigos sobre tecnologias disruptivas, falamos sobre a iniciativa da empresa chinesa DeepSeek, que lançou uma plataforma de IA generativa open source e abalou o mercado. Como havíamos imaginado, esse movimento da DeepSeek não ficou sem resposta e disparou várias iniciativas de empresas que estavam mais ou menos tranquilas, conduzindo seus cronogramas de desenvolvimento e lançamento em IA e tiveram que se movimentar rápido por causa da pressão que sofreram durante essa semana.
Até a Europa, que estava mais preocupada com os avanços da IA em relação a segurança e a ética decidiu entrar no jogo e planejar a sua própria plataforma de IA. Vamos contextualizar um pouco essa corrida que está muito ligada aos planos que temos para o futuro de Taquaritinga.
A trajetória dessa disputa pelo mercado de IA começou com a OpenAI, que revolucionou a tecnologia ao lançar o GPT. Esse modelo, que já utilizamos há algum tempo e como você já sabe, é um modelo generativo de IA conversacional que interage com o usuário e é capaz de gerar respostas para perguntas, escrever poemas, fazer resumos de livros, textos e filmes, gerar conteúdo como posts, emails e mensagens, traduzir textos, criar diálogos, realizar análise de sentimento, fazer análises estatísticas, criar imagens, etc. Em seguida, o Google entrou na disputa com sua plataforma Gemini, que se destacou pela capacidade de realizar análises bastante profundas e oferecer respostas complexas a partir de dados mais volumosos. Nesse mesmo período, vimos o surgimento de alternativas opensource, como os modelos Mistral e LLama, que não só democratizaram a IA generativa, mas também abriram a tecnologia e seus segredos para outros pesquisadores com menos investimento e infraestrutura, como a própria DeepSeek e é claro, nós mesmos.
Então, quando muitos estavam tranquilos e acreditavam que o mercado encontraria estabilidade entre os grandes players, a entrada da DeepSeek desestruturou o cenário. Com uma abordagem inovadora e baixo custo, a DeepSeek desafiou os modelos tradicionais e provocou reações imediatas no setor. Como resposta à investida chinesa, a OpenAI correu para apresentar seus novos modelos o3 e a tecnologia Deep Research, que a partir de um prompt, é capaz de buscar, analisar e sintetizar centenas de fontes online em minutos – uma tarefa que, anteriormente, poderia levar dias de trabalho intenso por nós.
Enquanto os EUA e a China se empenham na disputa com suas tecnologias e estratégias, a Europa entrou na corrida com iniciativas e propostas bastante voltadas para a transparência, a acessibilidade e o respeito aos valores éticos. Por exemplo, o projeto OpenEuroLLM conta com um orçamento total de €37,4 milhões e representa um esforço colaborativo entre startups, laboratórios de pesquisa e centros de supercomputação em toda a União Europeia. Essa iniciativa tenta fortalecer a posição da Europa no cenário global com uma proposta que se baseia em padrões rigorosos de qualidade e conformidade com regulamentos europeus.
Diante de tudo isso, é impossível não refletirmos: por que não aproveitar o momento para que nossa cidade também se posicione nesse cenário inovador? É hora de pensar: como podemos contribuir para essa revolução tecnológica? Cada profissional, empreendedor e estudante tem um papel importante nessa jornada. A era da inteligência artificial já chegou também aqui em Taquaritinga, já estamos envolvidos com ela e nossa cidade tem tudo para se destacar nesse novo capítulo da história tecnológica mundial.
*Marcus Rogério de Oliveira é um renomado professor da Fatec de Taquaritinga, onde leciona desde 1995. Com um extenso currículo acadêmico, é Doutor em Biotecnologia pela UFSCar, Mestre em Ciência da Computação pelo ICMC-USP e Bacharel em Ciência da Computação pela Unoeste. Sua vasta experiência o tem levado a atuar em áreas como Banco de Dados, Desenvolvimento de Sistemas, Engenharia de Dados e Ciência de Dados.
(Imagem gerada por IA)

							



