Esporte

CAT, uma história só nossa

NILTON MORSELLI

Os mais velhos e os não muito ligados ao futebol não pensariam duas vezes se defrontados com a improvável pergunta “de onde é o time do Oeste?”. Com naturalidade, responderão: Itápolis. Pois há alguns anos, a aprazível cidade limítrofe de Taquaritinga não é mais a casa desse tradicionalíssimo clube interiorano, fundado em 25 de janeiro de 1921. O Oeste Futebol Clube, nome oficial da agremiação, mudou-se de mala e cuia para Barueri, a 355 quilômetros de distância.

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Impossível, ainda, dissociar os substantivos que nomeiam o time e seu berço. É natural nos referirmos ao “Oeste de Itápolis”. É coisa que está gravada em algum canto do cérebro, como os binômios arroz e feijão, Chitãozinho & Xororó, Tom e Jerry e por aí vai… Até soa estranho falar Oeste de Barueri.

E olhe que o nome Oeste, sozinho, não remete a Itápolis, ao contrário do que ocorre com agremiações como Votuporanguense, Catanduvense, Iracemapolense, Linense, Taubaté, Real Madri, Friburguense, Nova Iguaçu, Mogi Mirim, Novorizontino… E, claro, o nosso Leão da Araraquarense. Aqui na intimidade, nós o chamamos de CAT, simplesmente. Mas no restante do mundo, o time é conhecido por Taquaritinga, reduzido de Clube Atlético Taquaritinga.

Seria impossível, por exemplo, transpor o Penapolense de Penápolis para, por exemplo, Santo Antônio do Aracanguá. A não ser que o nome da equipe fosse trocado para Aracanguaense, gentílico que identifica quem nasceu lá. E seria um terror para os narradores, que teriam de treinar bastante para falar rapidamente Aracanguaense, sem tropeçar nas sílabas.

As circunstâncias do advento do clube-empresa acabaram tirando o Oeste de Itápolis. E não é um fato isolado. Mais de uma dezena de times brasileiros acabaram tendo seu endereço trocado, alguns se mudando para lugares a mais de 500 quilômetros. Nos EUA, isso acontece muito com equipes de basquete transformadas em franquias. Basta refazer papéis e trancar a porta da sede. Dá até para levar a sala de troféus. Mas, e a torcida?

Como ficam os torcedores, a turma do amendoim e os fanáticos, aqueles que recortam fotos, montam álbuns e colecionam camisas? De repente, o objeto da paixão vai embora, como um amor que parte nos braços de outro. Deve ser muito estranho: o estádio vazio, o rádio calado, o papo na padaria nas manhãs de segunda-feira. E o pior, pensar que o clube do coração está jogando longe e solitário, sem a massa das arquibancadas, porque formar uma torcida leva tempo.

Que bom que com o nosso CAT, arquirrival do Rubrão em outros tempos, não aconteceu o mesmo e sua história permanece sendo escrita aqui. Pode ser que tenhamos passado perto dessa transformação, porque inúmeras foram as parcerias infrutíferas que prometiam transformar o Tricolor em clube-empresa. Que bom que, mesmo na última divisão, CAT continua tendo o Taquarão como casa. Que bom que na terça-feira próxima, dia 17, poderemos cantar parabéns para o CAT no seu aniversário de 78 anos!

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