Androides Inteligentes em Taquaritinga
Por Marcus Rogério de Oliveira*
Seja bem-vindo de volta à nossa conversa semanal sobre lançamentos tecnológicos, inovação, tecnologias disruptivas e principalmente sobre como o futuro bate à nossa porta o tempo todo. Você que nos acompanha, sabe que algumas vezes falamos dos detalhes técnicos, mas sempre falamos das oportunidades. Às vezes, até para mim que estou na tecnologia há mais de 35 anos, o avanço tecnológico vem como uma avalanche sobre nossas vidas, com termos técnicos e novas ferramentas para aprender e se adaptar. E como sempre, fazemos nossas perguntas. Onde nos encontramos nisso tudo? Quais são as reais oportunidades para nossa cidade?
Essa semana, uma nova tecnologia baseada em eletromiografia (EMG) foi criada pela empresa Meta (dona do Facebook, WhatsApp e Instagram). Essa tecnologia foi incluída em uma pulseira que conseguiu sentir a movimentação elétrica dos músculos do braço e transformá-la em comandos para o computador. Não é apenas sobre jogar um game sem controle; é sobre a possibilidade de aprimorar a capacidade de interação para as pessoas, de controlar um braço robótico com a mesma naturalidade com que pegamos um copo d’água. Podemos dizer que é a tecnologia buscando ser uma extensão do nosso corpo, não uma barreira.
Paralelamente, a xAI, liderada por Elon Musk, revelou seus planos para o supercomputador Colossus 2, localizado no Tennessee, nos Estados Unidos. Com a adição de 550.000 GPUs, o sistema ultrapassa os 200.000 GPUs do Colossus original, tornando-se a maior plataforma de treinamento de IA do mundo. Alimentado por fontes de energia diversificadas e baterias Tesla Megapacks, o projeto chegou a levantar questões sobre sustentabilidade energética, mas a solução adotada acabou garantindo ao projeto um consenso, principalmente devido ao grande potencial de computação massiva para acelerar a pesquisa em IA.
No campo da IA de raciocínio, a Alibaba, empresa chinesa, lançou a família Qwen3 com modelos que superaram o OpenAI o3-mini em vários testes. Esses novos modelos, treinados com trilhões de tokens, combinam raciocínio profundo com respostas rápidas em 119 idiomas. Já a Sapient Intelligence, de Singapura, lançou o Hierarchical Reasoning Model (HRM), uma arquitetura inspirada no cérebro humano. Com apenas 1.000 exemplos e 27 milhões de parâmetros, o HRM superou modelos maiores. Essa é uma grande marca.
Na robótica, a Unitree lançou o R1, um humanoide de 25 kg com preço inicial de US$5.900 já equipado com modelos multimodais para voz e imagem. Ou seja, ele te reconhece e conversa. A Tesla, por sua vez, inaugurou uma barraquinha em Los Angeles onde o seu androide Optimus serve pipoca, mostrando-o como sendo totalmente viável para aplicações reais em relacionamentos com humanos.
Você percebeu? Toda essa inteligência está, finalmente, aprendendo a andar e a falar. Uma nova geração de robôs com formas humanas está surgindo. Como dissemos semanas atrás, eles não são mais apenas máquinas pesadas e desajeitadas de fábrica, eles estão começando a sair do laboratório para o mundo real e interagindo conosco.
Mas, o que tudo isso significa para nós em Taquaritinga? Essa é a ponte que precisamos construir. A pulseira que lê gestos pode ser uma ferramenta adaptada para fisioterapia. Os androides ágeis e inteligentes podem, um dia, trabalhar lado a lado com nossos agricultores nos pomares de laranja e limão, em tarefas exaustivas ou perigosas. As novas tecnologias, com certeza, inspiraram nossos alunos da FATEC a criarem ferramentas que solucionam problemas genuinamente nossos.
A tecnologia, por si só, é uma ferramenta fria. É o nosso propósito, a nossa criatividade e a nossa comunidade que lhe darão alma. A questão não é se essas inovações chegarão, mas como estaremos preparados para recebê-las e usá-las para construir uma Taquaritinga tecnológica. O que você acha?
*Marcus Rogério de Oliveira é um renomado professor da Fatec de Taquaritinga, onde leciona desde 1995. Com um extenso currículo acadêmico, é Doutor em Biotecnologia pela UFSCar, Mestre em Ciência da Computação pelo ICMC-USP e Bacharel em Ciência da Computação pela Unoeste. Sua vasta experiência o tem levado a atuar em áreas como Banco de Dados, Desenvolvimento de Sistemas, Engenharia de Dados e Ciência de Dados.
(Imagem gerada por IA)





