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A excursão do Penharol universitário em sua parada em Taquaritinga

Por Dorival Borelli Filho

Seria ele mesmo, o todo glorioso Club Atlético Peñarol? Fundado em 28 de setembro de 1891 com o nome de Central Uruguay Railway Cricket Club (CURCC), o maior campeão do Campeonato Uruguaio de Futebol com 51 títulos e 5 conquistas da Copa Libertadores da América. Vamos conferir essa história…

Em uma tarde quente de maio de 1928, desembarcou no porto de Santos um grupo de jovens uruguaios, com rostos ávidos de expectativa e sonhos de glória. Eram os integrantes do Club Peñarol Universitário, que chegavam ao Brasil para uma série de partidas amistosas. Mas o que era para ser um intercâmbio esportivo e cultural transformou-se em um mar de polêmicas e críticas.

O Brasil da década de 1920 respirava o amadorismo no futebol, e a imprensa torcia o nariz para qualquer insinuação de profissionalismo. Foi nesse contexto que os uruguaios do Peñarol Universitário encontraram um campo minado de desconfiança. A exigência de pagamentos por cada jogo realizado em solo brasileiro causou frisson entre os clubes e a mídia. Era uma atitude considerada inadequada e que feriu os princípios do esporte nacional.

O renomado jornal “Diário Nacional” de São Paulo não tardou a manifestar seu desagrado. Uma nota assinada por Juliano Soares, presidente do Club Atlético Peñarol, declarava que o Peñarol Universitário não tinha qualquer vínculo com o tradicional aurinegro uruguaio. Para muitos, parecia mais uma tentativa de desmerecer os visitantes do que um fato grave.

Curioso notar que o Peñarol Universitário não se apresentava como uma cópia do original. O que mais incomodou a imprensa foi a maneira ríspida de jogar, o comportamento pouco elegante nos locais onde se hospedaram e, principalmente, a comercialização de suas partidas. Essas atitudes desagradaram profundamente os jornalistas e os clubes brasileiros.

Mesmo assim, o Club Peñarol Universitário, filiado à Liga Universitária de Football, subordinada à Associação Uruguaia de Futebol, seguiu com sua excursão pelo Brasil. Em 18 de maio de 1928, o “Correio Paulistano” relatou que a Associação Uruguaia havia autorizado a viagem para a realização dos jogos. Seis dias depois, desembarcaram em Santos, chefiados por Alberto Corchis, doutorando em medicina da Universidade de Montevidéu.

A comitiva incluía o secretário Jorge Belhot, o jornalista Ricardo L. Zécca, do jornal “El Imparcial” de Montevidéu, Pedro Belhot, representante da República Oriental, além dos jogadores de diversas equipes uruguaias. Entre eles estavam Sposito (Olimpia F.C.), Nario (Missiones), Oddo (Sul-Americain), Arminana (Central), João Belhot (A.C. Peñarol), e muitos outros talentosos atletas.

A excursão começou no Parque Antarctica, em São Paulo, onde enfrentaram o Palestra Itália em um empate acirrado por 2 a 2. Os jogos seguintes variaram entre vitórias, empates e derrotas. Contra o Corinthians, saíram vencedores por 2 a 1, mas enfrentaram uma dura derrota de 4 a 0 para a Seleção Paulista. A excursão incluiu jogos em Campinas, Guaxupé, Ribeirão Preto, Araraquara, São José do Rio Preto, Piracicaba e Rio de Janeiro, entre outras cidades, incluindo como, não poderia deixar de ser, nosso município, que:

Em uma tarde ensolarada de 22 de julho de 1928, foi palco de um emocionante confronto entre Imperial e Peñarol. O campo estava lotado de torcedores fervorosos, ansiosos pelo desfecho do embate. O jogo começou com uma disputa intensa, onde cada passe e cada chute eram seguidos de perto pelos olhos atentos da multidão. Aos 30 minutos do primeiro tempo, o Imperial abriu o placar com um gol espetacular, levando seus fãs ao delírio. No entanto, o Peñarol, determinado a não sair derrotado, continuou pressionando, criando chances e deixando clara sua intenção de empatar.

No segundo tempo, o clima de tensão aumentou. As equipes batalhavam em cada centímetro do campo, com os jogadores dando tudo de si. A dez minutos do fim, quando muitos já duvidavam de uma reviravolta, o Peñarol conseguiu empatar em um lance dramático, fruto de uma jogada bem trabalhada que culminou em um gol cheio de garra e precisão. O apito final soou com o placar de 1 a 1, deixando um sentimento agridoce nos corações dos torcedores.

No total, o Peñarol Universitário disputou 14 partidas em território brasileiro, com três vitórias, cinco empates e seis derrotas. Marcaram 17 gols e sofreram 24, resultando em um saldo negativo de sete gols. A excursão, apesar de polêmica, ficou registrada nos anais do futebol brasileiro como um marco de encontros e desencontros culturais e esportivos.

Fontes Consultadas: A Gazeta (SP), Diário Nacional (SP), Correio Paulistano (SP).

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