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GUERRA HÍBRIDA: O DESAFIO!

Por Luís José Bassoli

Fonte: Dialnet

O formato da Guerra Híbrida é difuso, mas as ameaças são reais.

As táticas abordam, principalmente, ataques cibernéticos a órgãos públicos de inteligência, propagação massiva de fake news pelas redes sociais, interferência nos processos eleitorais, pressões econômicas e ameaças políticas, mas também atos concretos de sabotagem a infraestruturas civis e/ou militares (como explosões de gasodutos, refinarias etc.).

A Guerra Híbrida nunca é formalmente declarada, se faz necessário ficar atento aos sinais para perceber quando se inicia.

EUA: GUERRA AO SUL GLOBAL
As ofensivas econômicas dos EUA contra a Rússia, iniciadas em 2014, por Barack Obama, foram o início da Guerra Híbrida contra o Sul Global.

A Rússia respondeu com o uso de contas artificiais da rede social, “bots” (robôs) online, na eleição de 2016, para interferir contra Hillary Clinton, em favor de Trump.

Joe Biden acelerou o processo, em 2022, ao se aliar à Ucrânia contra a Rússia; passou dos ataques cibernéticos ao primeiro ataque real: a explosão do gasoduto Nord Stream, que levava gás russo à Europa.

ESTRATÉGIA E TÁTICA
Os EUA entenderam que o “inimigo estratégico” do Império Ianque é a China – e passam a articular as táticas para derrotar o Dragão Asiático.

O primeiro passo é inviabilizar economicamente a Europa e submetê-la militarmente ao comando do Pentágono.

Em seguida, enfraquecer outros aliados, como Canadá, Japão e Coreia do Sul, por meio do tarifaço, e consolidar suas dependências a Washington.

Daí, partir para um emaranhado de ações políticas/econômicas/militares para confundir Pequim e dificultar a resistência chinesa.

TAIWAN – ISRAEL – SÍRIA – TURQUIA – AZERBAIJÃO
A China considera Taiwan parte do país, os EUA defendem sua autonomia; em 2022, a presidente da Câmara dos EUA visitou a capital Taipei, gerando uma crise, amenizada dois anos depois, no encontro do secretário de Defesa americano com o homólogo chinês, em Singapura – a situação é tensa, a China realizou o maior exercício militar na ilha, com 90 navios e 50 aviões.

Israel é o maior aliado dos EUA no Oriente Médio e tem boas relações com China e Rússia. Em meio à invasão (genocídio) de Gaza, Washington conseguiu instrumentalizar Tel Aviv para derrubar o presidente da Síria, Bashar al-Assad, aliado histórico de Moscou (que concedeu asilo ao líder deposto).

Mais que isso, os EUA conseguiram atrair a Turquia, país mais enigmático na geopolítica global, que tem estreitas relações com o Ocidente (faz parte do Conselho da Europa e OTAN) e com o Sul Global (atua na Organização Islâmica, Cooperação de Xangai, país-parceiro dos BRICS).

O Azerbaijão, considerado um dos parceiros mais próximos da Rússia, passou a apresentar um “jogo duplo” desde 2022, acusado de abrigar células pró-Ucrânia; recentemente, Israel usou o território azerbaijano para atacar o vizinho Irã, na Guerra de 12 Dias.

Foto: Ricardo Stuckert/PR

TRUMP MIRA OS BRICS
O presidente americano “alivia” o confronto direto com Putin e Xi Jinping, e escolheu os três pontos mais “vulneráveis” dos BRICS: Índia, Irã e Brasil, adotando táticas distintas para atacar cada um.

Trump recebeu o primeiro-ministro indiano Narendra Modi, na Casa Branca, para negociar um acordo favorável à Índia no tarifaço. A intenção é fomentar a discórdia entre Nova Déli e Pequim e enfraquecer os BRICS “por dentro”.

Quanto ao Irã, a tática é a agressão direta, o ataque militar, para forçar Rússia e China a tomarem uma posição mais clara e justificar um embate.

E O BRASIL?
Trump externou, efetivamente, o início da Guerra Híbrida. Não por acaso, o anúncio da taxação de 50% (a maior imposta a todos os países), as críticas ao presidente Lula e ao Supremo Tribunal Federal e a defesa do ex-presidente Bolsonaro se deram no encerramento da Cúpula dos BRICS, no Rio de Janeiro.

O Brasil está sob ataque, os EUA desencadearam a Guerra Híbrida contra o povo brasileiro: vêm aí sanções econômicas, pressões políticas e o uso da Internet para influenciar as eleições de 2026.

Preparemo-nos!

Luís José Bassoli é advogado, graduado pela Universidade Mackenzie, formado pela Escola de Governo de SP, pós-graduado em Didática para o Ensino Superior pela Unip, professor do Colégio Objetivo; foi professor da Fatec, vice-presidente da Subseção da OAB e presidente da Câmara Municipal de Taquaritinga.

 

Foto: Gabriel Lucas/Arte Metrópoles

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