Pequenos Modelos, Grandes Oportunidades: Inteligência Artificial em Taquaritinga
Por Marcus Rogério de Oliveira*
Bem-vindo a mais um artigo da nossa série sobre inteligência artificial (IA), inovação e tecnologias disruptivas. Se você nos acompanha semanalmente, já sabe que gostamos de provocar reflexões, falando sempre das grandes tendências tecnológicas relacionadas diretamente ao nosso cotidiano aqui em Taquaritinga e também, explorando as oportunidades que essas tecnologias oferecem aos nossos talentos locais.
Nos últimos dias, uma discussão bastante interessante agitou a comunidade tecnológica mundial: a ascensão dos pequenos modelos de IA, bem menores que os modelos da família GPT e Gemini, pensados para funcionar em ambientes com poucos recursos e voltados para tarefas específicas, em vez de reunir um vasto conhecimento enciclopédico.
Essa nova abordagem foi inspirada pelo lançamento do modelo Gemma 3n da Google, que sugeriu o conceito de um “núcleo cognitivo”. Trata-se de um modelo de IA enxuto, otimizado para raciocínio e resolução de problemas concretos, capaz de rodar em dispositivos comuns como celulares, notebooks e computadores domésticos, sem depender de grandes infraestruturas de nuvem ou supercomputadores.
A inovação do Modelo Gemma 3n mostra na prática o que isso significa: ele processa texto, áudio, imagem e vídeo com apenas 2 GB de memória RAM, trazendo inteligência artificial para dispositivos domésticos. Isso abre um novo mundo de possibilidades, principalmente para nossa cidade. Imagine o impacto disso em escolas, empresas, propriedades rurais e setores industriais locais, que passam a ter autonomia para usar e até desenvolver soluções de IA sob medida, diretamente em seus próprios dispositivos.
Aqui em Taquaritinga, já estamos na vanguarda desse movimento. Nossa comunidade de inovação que envolve Fatec, Prefeitura, Sebrae, agricultores e empresários têm investido na criação de pequenos modelos especializados, desenhados para resolver problemas reais do nosso cotidiano, como detecção de pragas na agricultura, monitoramento industrial, análise de dados públicos, agroGPT, entre outros.
Ao invés de buscar uma inteligência artificial universal e cheia de informações que pouco se aplicam ao nosso contexto, apostamos em modelos compactos, rápidos, econômicos e totalmente adaptados às necessidades do nosso município. E ainda mais, o uso de técnicas de ajuste fino permite que essas IAs sejam personalizadas, com custos acessíveis, fazendo verdadeiramente a inclusão digital e autonomia.
Essa mudança traz ainda outro benefício fundamental: a proteção dos nossos dados. Com os modelos rodando localmente, mantemos o controle e a privacidade das informações. Isso é um desejo cada vez mais presente entre os usuários e empresários e que já é tendência em todo o mundo.
Taquaritinga está mostrando que é possível inovar sem depender de soluções prontas de fora ou de infraestrutura cara. Estamos nos tornando referência regional em inteligência artificial aplicada ao agro, à indústria, ao poder público e ao comércio.
Nossos jovens podem trilhar novos caminhos profissionais, nossos agricultores podem aumentar sua produtividade, nossas empresas podem inovar sem grandes investimentos. Vamos juntos refletir e trabalhar para que Taquaritinga se estabeleça como um verdadeiro polo de inteligência artificial no interior. Quando a tecnologia se molda à nossa realidade, é aí que nascem as grandes oportunidades – é isso que fazemos.
*Marcus Rogério de Oliveira é um renomado professor da Fatec de Taquaritinga, onde leciona desde 1995. Com um extenso currículo acadêmico, é Doutor em Biotecnologia pela UFSCar, Mestre em Ciência da Computação pelo ICMC-USP e Bacharel em Ciência da Computação pela Unoeste. Sua vasta experiência o tem levado a atuar em áreas como Banco de Dados, Desenvolvimento de Sistemas, Engenharia de Dados e Ciência de Dados.
(Imagem gerada por IA)




